"Amor" de Dilma não tem relação com cargos federais para o Piauí

Não é o “amor” que um presidente da República declare, tenha ou venha a ter por um Estado que determina a opção dele – ou dela, no caso de Dilma Roussef – para a indicação de nomes para os nacos mais substanciosos de seu governo.
Determinante nas escolhas e preenchimento de espaços político-administrativos é o tamanho da representação de partidos e bancadas estaduais no Congresso Nacional.
Por isso que é espantoso quando as pessoas se deixam levar pela idéia de que o preenchimento dos cargos mais importantes em Brasília dá-se tão-somente por escolhas pessoais, gostos e afetos do presidente. Quando isso ocorre, o ocupante da principal cadeira do Palácio do Planalto costuma se danar. Dá-se isso agora, em menor escala com Dilma, e deu-se em escala industrial com Fernando Collor, que não chegou a ser uma Maria Antonieta tropical, mas perde o cargo.
Collor fez um ministério à sua imagem e semelhança. Tadinho. Egresso das hostes que sustentaram o regime militar e do PMDB com sua confederação de interesses, o ex-presidente montou um gabinete que ficaria bem em Maceió, jamais em Brasília. Deu no que deu. Dilma tem um ministério gigantesco, mas que não representa o interesse dos partidos e dos caciques do PMDB. Está se danando.
Então, fica claro que não se deve escolher ministros e todo o resto por motivações afetivas ou considerando o mapa físico do país. É bem mais que isso. Escolhem-se os que vão gerir o Estado com o mandatário maior pelo tamanho dos aborrecimentos que seus aliados podem cometer ou evitar no Congresso Nacional.
Portanto, trata-se de uma ideia jeca a de que o Piauí merece um cargo porque em um discurso para eletrizar uma plateia cordata e militante ela declarou em Teresina que “o futuro do Brasil está no Piauí. Vocês escolheram um governador da qualidade do Wellington Dias e me deram a maior votação. Eu nunca vou esquecer”.
Isso é gesto de campanha, não uma declaração de amor.
Para quem acreditou nisso não sendo um mero eleitor, só tenho a lamentar e recomendar algo que aprendi desde que cubro eleições: em campanha, emoção é para eleitor.
Do: O OLHO

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